sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A MÃE NO BANCO DOS RÉUS


Acabei de ler um livro holandes chamado "De moeder monologen" de Marleen Janssen, onde 36 mulheres de várias idades falam sobre o relacionamento com suas mães. Tem história de mãe boazinha, mãe submissa, mãe autoritária, mãe alcoólatra, mãe indiferente, mãe mazinha, mãe amiga, mãe cuidadosa e por ai vai. O livro ficou na minha cabeca depois que acabei de ler e quando isso acontece gosto de escrever sobre o assunto. Segundo as histórias, algumas mães realmente deixaram sequelas enquanto outras deixaram um legado (pouquíssimas). Interessante observar que enquanto algumas filhas ficaram com problemas emocionais que se arrastou até a idade adulta, outras fizeram das perdas ganhos, cresceram com as experiências ou até passaram a entender um ou outro comportamento da mãe depois que se tornaram, também, mães. Que grande responsabilidade ser mãe...como tudo que é falado, ou deixado de falar, tudo que é feito ou se deixa de fazer tem uma consequência no futuro daquele que acha que saiu de dentro de uma Mulher Maravilha. Fiquei pensando: até que ponto somos tão culpadas assim? Eu acho que a MAIORIA  das mães erra tentando acertar e os filhos não podem esquecer que, também fomos filhas um dia e, como tal, também temos nossas sequelas ou legados...mãe perfeita não existe e, hoje, eu acho que tínhamos filhos muito cedo. Nos tornávamos mães em uma fase que estávamos tentando conhecer a nós mesmas e de repente tinhamos um serzinho lá dependendo de todo o conhecimento que ainda não tínhamos. Acho que hoje as mulheres que tem filhos com mais de 30, quase 40 estão mais preparadas para criarem seus filhos, massss mesmo assim nunca serão perfeitas como idealizam os filhos. Eu mesma se pudesse voltar no tempo faria muuuitas coisas diferente. 

Claro que existem histórias horríveis que chegam pela mídia ao nosso conhecimento mas não estamos falando aqui das histórias mais escabrosas, estamos falando das mais comuns e que mesmo assim tem efeitos colaterais. Fiquei pensando que se tivesse um livro onde as mães  escrevessem sobre seus filhos também leríamos histórias onde a mãe, muito legal, muito carinhosa, muito presente, viu seu filho se transformar em um traste drogado ou coisa pior e se o livro falasse dos pais também teríamos muitas histórias mal resolvidas. O que fica claro é que o ser humano é muuuito complexo e que relacionamento seja lá em que nível for não é fácil. No livro tinha uma história de uma família com, se nao me engano, 7 filhos e é comentado que se todos fossem entrevistados ficaríamos com impressão que cada um foi criado em uma família diferente porque eles tinham os mais diferentes pontos de vista sobre o mesmo acontecimento, ou seja, o que traumatiza um, nao traumatiza o outro...precisaria então a mãe de um manual de como lidar com cada um deles?

O mais importante de tudo isso, na minha opinião, é procurar crescer com as experiências, absorver o que foi feito de bom (algumas pessoas tem a capacidade de esquecer coisas boas e só lembrar coisas ruins), fazer das perdas ganhos, não arrastar correntes por toda a vida dizendo: sou assim porque vivi isso ou aquilo, sou assim porque minha mãe isso, minha mãe aquilo. Se a pessoa for viver de passado, de remoer coisas que não podem mais ser mudadas está fadada a ser infeliz...sempre é tempo de mudar, de exorcizar o que não caiu bem e tentar sair de toda a história mais fortalecido. Sempre lembro da frase que lí em um livro (não lembro qual - rsrs). "NÃO IMPORTA O QUE FIZERAM COM VOCÊ, O QUE IMPORTA É O QUE VOCÊ VAI FAZER COM O QUE FIZERAM COM VÔCE". E para vocês que ainda não tem filhos saibam que: um dia vocês também estarão no banco dos réus :)).

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